segunda-feira, 16 de março de 2009

Aprendendo a voar;


Eu tinha quinze anos e ela ia fazer dezessete no final do mês. Era uma noite de segunda-feira e a luz da Lua misturada com a dos postes da rua em que morava fazia com que seus olhos brilhassem como nunca. Estava quente e haviam poucas pessoas ali perto. Eu segurava sua mão calmamente, do mesmo jeito de sempre, deixando-a escorregar na minha por causa da diferença de altura.

Era o momento perfeito. Eu estava com o nervosismo nítido em minha face. Vestia eu uma camisa amarela bem comprida, uma bermuda preta e uma sandália japonesa verde escura.

Parei de andar para finalmente fazer o que já havia esperado por quase um ano e a coragem não deixara. A ansiedade me corroia por dentro, o medo me gelava a pele e o nervosismo suava meus pés e mãos. Eu olhava para Bárbara a todo instante, e não conseguia falar quase nada. Ela não se comportava normalmente, parecia tão nervosa quanto eu. Sua mão suava junto à minha, seu modo de andar se igualou ao meu, mas sua sintonia não estava igual a minha. Parecia preocupada com algo naquele momento.

– O que foi Léo? – Perguntou Bárbara, estranhando meu comportamento nada normal. Parei de andar e respirei bem fundo. Olhei profundamente em seus olhos brilhantes, acariciei seus cabelos pretos e disse:

– Bárbara... Quero que olhe bem fundo em meus olhos e ouça o que eu tenho a dizer. – Nesse momento passei a suar não só os pés e mãos, mas sim minha alma.

– Tá certo. – Respondeu Bárbara, que parecia já esperar o que eu diria logo em seguida.

– Eu te amo! – Disse eu alvoroçado, pensando na situação vergonhosa em que acabara de me colocar. – Não é como antes, só sei que te amo. – completei.

Bárbara ficou paralisada. Pensei em nada mais fazer, mas naturalmente nossos rostos começaram a ficar mais próximos um do outro. E a cada milímetro avançado era uma eternidade, até que quando finalmente nos beijamos o tempo pareceu mais cruel, pois parecia passar bem mais rápido. Fiquei totalmente sedado ao perceber os lábios de Bárbara encostarem aos meus e sentir seu beijo molhado, suave, doce...

Eu nunca voei, mas aprendi naquele instante e logo percebi que pudera voar mais alto que qualquer ave do céu. A abracei calmamente e passava minha mão em suas costas acariciando-a com todo o amor que um garoto adolescente poderia dar ao amor da sua vida.


Leonardo Martins

Um comentário:

  1. eu amei...
    já disse q vc seria um ótimo escritoor?
    vc escreve aquilo que gosto de ler
    te amo, menino :*

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